segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Silêncios

Uma espécie de loucura a dominara. Andava pelos cantos da casa procurando vozes, expressões de vida, ou apenas ouvidos para o seu silêncio. Ao invés disso, era a angústia da incerteza que tomava conta dos espaços. Pensou que seria bom escrever algo. Mas, enquanto isso, tinha certeza de que algo não seria possível: externar a sensação de vazio que vivenciava nos últimos dias, ou quem sabe nos últimos meses. A própria sensação do correr dos dias era fugidia a essa altura. Entregava-se ao trabalho também silencioso. E entre os parágrafos, ali momentaneamente encontrava a sua voz entrecortada. Talvez estivesse perdendo o trato com as palavras. Do quintal os ruídos de sua vida: os ventos sacudiam a grande mangueira a lembravam do barulho do mar. Fazia quase um ano que não o encontrava. Sentia falta daquela paz ruidosa do mar, daquele movimento contínuo que representava a transitoriedade que ela buscava: a mudança que desejava para aquelas situações sobre o qual não tinha controle. Até que veio a dor, a dor física que acompanhava esse estado mental. Tentou resistir a ela, mas, insuportável, tomou aquele comprimido que aliviava o momento. Sentiu-se derrotada ao fazê-lo, mas naquele momento não tinha outra opção.

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