quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Um Final a Dois

A hora chegou, querida.
Divide comigo tua vida,
já estou desesperado,
velho, só e cansado.
E cadê você ao meu lado?
Não foi esse o combinado.
Deixa isso pra depois
e vamos ter um fim a dois...
Envelhece junto a mim
me acompanha para o fim.

Fred Caju

Conheça mais sobre o Poeta em: http://fredcaju.blogspot.com/

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Uma delicada forma de calor

Eu me lembro
de você ter falado
Alguma coisa sobre mim
E logo hoje, tudo isso vem à tona
E me parece cair como uma luva
Agora, num dia em que eu choro
Eu tô chovendo muito mais do que lá fora
Lá fora é só água caindo
Enquanto aqui dentro, cai a chuva

E quanto ao que você me disse
Eu me lembro sorrindo
Vendo você tão séria
Tentar me enquadrar, se sou isso
Ou se sou aquilo
E acabar indignada, me achando totalmente impossível
E talvez seja apenas isso:
Chovendo por dentro
Impossível por fora

Eu me lembro de você descontrolada
Tentando se explicar
Como é que a gente pode ser tanta coisa indefinível
Tanta coisa diferente
Sem saber que a beleza de tudo
É a certeza de nada
E que o talvez torne a vida um pouco mais atraente

E talvez, a chuva, o cinza,
O medo, a vida, sejam como eu
Ou talvez , porque você esteja de repente,
Assistindo muita televisão

E como um deus que não se vence nunca
O seu olhar não consegue perceber
Como uma chuva, uma tristeza, podem ser uma beleza
E o frio, uma delicada forma
De calor

Lobão

domingo, 20 de fevereiro de 2011

The King of Limbs


Figuras

O teu rosto entre as minhas mãos...
eu carrego teu rosto,
teus lábios secos.
Carrego teus olhares e teu medo.

O teu corpo se encolhe,
como se quisesse contar uma estória.
Já vi um tudo inigualável,
o meu mundo... teu...

O teu espaço cabe no tempo
que levo a atingir
tuas vozes ameaçadoras ...
de si pra si ... o que resta?

O teu rosto entre as minhas mãos,
como se eu pudesse ler
teu poema concreto
sobre ser humano.

Carla Dias

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Ausência

Estou um pouco ausente desse espaço.

Penso que hoje pode ser a primeira vez que eu não posto poesia. É muito provável que isso se dê porque de uns dias pra cá nenhuma (pelo menos entre as que eu conheço), tem expressado, ou pelo menos chegado perto, de como tenho me sentido. Não tenho pretensão de conseguir fazê-lo através dessas poucas palavras, pois não tenho talento para a escrita...

Solidão parece uma palavra dramática demais pra ser usada aqui, e não se trata disso. Vazio, tão pouco me parece adequada. O que mais se aproxima é um grande sentimento de Ausência. Ausência de alguns amigos, de alguns sentimentos e de algumas sensações. Porque é bem possível que o que eu tenho, já não me baste. Eu, que sempre desejei tanto, e que nunca me contentei com o que é parcial.

E sabe do que mais? Não tenho nenhum interesse em minimizar essa necessidade de completude.