Já não preciso de rir.
Os dedos longos do medo
largaram minha fronte.
E as vagas do sofrimento me arrastaram
para o centro do remoinho da grande força,
que agora flui, feroz, dentro e fora de mim...
Já não tenho medo de escalar os cimos
onde o ar limpo e fino pesa para fora,
e nem deixar escorrer a força dos meus músculos,
e deitar-me na lama, o pensamento opiado...
Deixo que o inevitável dance, ao meu redor,
a dança das espadas de todos os momentos.
e deveria rir , se me retasse o riso,
das tormentas que poupam as furnas da minha alma,
dos desastres que erraram o alvo do meu corpo...
João Guimarães Rosa
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
Das tuas palavras
Por acaso eu falei que era pra entender?
Nunca quis ninguém a dominar o que se passa dentro da minha cabeça, egoísmo ou não, é só meu. Não sei até que ponto dividir pode ser bom pra você, sei que não seria bom pra mim. Fica então com o que vês; mas presta atenção, como diria Saramago: Repara!
Nunca quis ninguém a dominar o que se passa dentro da minha cabeça, egoísmo ou não, é só meu. Não sei até que ponto dividir pode ser bom pra você, sei que não seria bom pra mim. Fica então com o que vês; mas presta atenção, como diria Saramago: Repara!
É preciso consubstanciar as palavras. Desligá-las de um sentido prático, dissociá-las das tuas ações, as tornam meras junções de letras. É preciso que sejam elas coerentes com o que fazes. Guarda uma coisa em tua cabeça: Não preciso de adjetivos ou advérbios, de ti, quero apenas o que for substantivo.
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
Aconteceu
Aconteceu
Eu não esperava, mas aconteceu
Todo o bem que fiz, se fiz, ela esqueceu
Revelando a sua imprudência
Construí um lar, o lar que ela pedia
Exigiu-me coisas que ela não queria
É e aconteceu
Hoje ela chora tudo o que perdeu
E chorando veio me pedir perdão
Fica para ela a lição
Cartola
Eu não esperava, mas aconteceu
Todo o bem que fiz, se fiz, ela esqueceu
Revelando a sua imprudência
Construí um lar, o lar que ela pedia
Exigiu-me coisas que ela não queria
É e aconteceu
Hoje ela chora tudo o que perdeu
E chorando veio me pedir perdão
Fica para ela a lição
Cartola
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
Mais e Menos
Afinidade acontece.
Um mesmo signo, um mesmo par de
Sapatos caramelo, um mesmo livro de cabeceira.
Afinidade acontece entre seres humanos.
A mesma frase
Dita ao mesmo tempo, o diálogo mudo dos olhares e a
Certeza das semelhanças entre o que se canta
e o que se escreve.
Afinação acontece.
Um mesmo acorde,
um mesmo som, uma mesma harmonia.
Afinação acontece entre instrumentos musicais.
A mesma nota repetidas vezes,
Abusca pela perfeição sonora e a certeza das
Similaridades entre um tom acima e um tom abaixo.
A incrível mágica acontece quando os instrumentos musicais
Descobrem afinidades humanas entre si no
Mesmo instante em que os seres humanos descobrem
Afinações musicais dentro deles mesmos.
Fernando Anitelli
Um mesmo signo, um mesmo par de
Sapatos caramelo, um mesmo livro de cabeceira.
Afinidade acontece entre seres humanos.
A mesma frase
Dita ao mesmo tempo, o diálogo mudo dos olhares e a
Certeza das semelhanças entre o que se canta
e o que se escreve.
Afinação acontece.
Um mesmo acorde,
um mesmo som, uma mesma harmonia.
Afinação acontece entre instrumentos musicais.
A mesma nota repetidas vezes,
Abusca pela perfeição sonora e a certeza das
Similaridades entre um tom acima e um tom abaixo.
A incrível mágica acontece quando os instrumentos musicais
Descobrem afinidades humanas entre si no
Mesmo instante em que os seres humanos descobrem
Afinações musicais dentro deles mesmos.
Fernando Anitelli
Ecoando notas
O moço toca flauta enquanto ela lembra das virtudes
Esquecidas nas cavernas de seu coração. A melodia vai
Ecoando por toda parte, desde os ouvidos até o pulmão.
Ela tropeça nela mesma enquanto se enternece com o som
Raro daquela flauta. E a tristeza transversal que até
Então lhe preenchia dá lugar a uma euforia luminosa,
Assim sem razão de ser, mas já sendo.
Fernando Anitelli
Esquecidas nas cavernas de seu coração. A melodia vai
Ecoando por toda parte, desde os ouvidos até o pulmão.
Ela tropeça nela mesma enquanto se enternece com o som
Raro daquela flauta. E a tristeza transversal que até
Então lhe preenchia dá lugar a uma euforia luminosa,
Assim sem razão de ser, mas já sendo.
Fernando Anitelli
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
Timidez
Basta-me um pequeno gesto,
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve...
- mas só esse eu não farei.
Uma palavra calda
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras mais distantes...
- palavra que não direi.
Para que tu me adivinhes,
entre os ventos taciturnos,
apago meus pensamentos,
ponho vestidos noturnos,
- que amargamente inventei.
E, enquanto não me descobres,
os mundos vão navegando
nos ares certos do tempo,
até não se sabe quando...
- e um dia me acabarei.
Cecília Meireles
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve...
- mas só esse eu não farei.
Uma palavra calda
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras mais distantes...
- palavra que não direi.
Para que tu me adivinhes,
entre os ventos taciturnos,
apago meus pensamentos,
ponho vestidos noturnos,
- que amargamente inventei.
E, enquanto não me descobres,
os mundos vão navegando
nos ares certos do tempo,
até não se sabe quando...
- e um dia me acabarei.
Cecília Meireles
Inscrição na Areia
O meu amor não tem
importância nenhuma.
Não tem o peso nem
de uma rosa de espuma!
Desfolha-se por quem?
Para quem se perfuma?
O meu amor não tem
importância nenhuma.
Cecília Meireles
importância nenhuma.
Não tem o peso nem
de uma rosa de espuma!
Desfolha-se por quem?
Para quem se perfuma?
O meu amor não tem
importância nenhuma.
Cecília Meireles
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